Casamento Pataxó

Ao longo da sua história, o Povo Pataxó, vem mantendo seus costumes e tradições com adaptações de acordo com a realidade e contexto de cada comunidade, sem perder seus valores e sua identidade originária.

De acordo com os mais velhos, os relacionamentos seguiam ritos diferentes dos tempos atuais, podemos exemplificar a forma como o pedido de namoro era demonstrado. O pretendente jogava uma pedrinha de forma discreta para chamar a atenção do ou da escolhida, que por sua vez este ou esta tendo interesse recíproco jogaria de volta uma pedrinha para demonstrar suas intenções.

Os apaixonados mantinham o namoro de forma discreta, pois os pais não permitiam o contato físico, fazendo-se constante a troca de arremesso de pedrinhas durante certo período de tempo. Confirmado o namoro, a próxima etapa seria quando o pretendente arremessasse uma flor no lugar da pedrinha, formalizando o pedido de casamento. Em resposta positiva a proposta, a futura noiva pegaria a flor.

O casamento Pataxó vinha sendo realizado de forma discreta e seguindo os ritos da tradição Pataxó, bem como os casamentos convencionais religiosos de cada família, mas o costume de “roubar” a noiva tem se mantido até os dias de hoje. Segundo os mais velhos, o noivo convida a comunidade para construir uma casa de pau a pique num mutirão e a família da noiva é convidada sem saber que a filha será “roubada”. Após o término da construção da casa, o noivo “rouba” a noiva e passam a morar juntos, deste dia em diante são considerados casados para a comunidade.

Ainda seguindo a tradição, o índio que pretendia se casar pedia o cacique que o acompanhasse na visita aos pais da moça, para confirmar se realmente eles concordariam com o casamento. Como forma de provar para os membros da comunidade e aos pais da noiva que estaria preparado para assumir as suas responsabilidades como líder familiar, o noivo tem que carregar um troco ou pedra com o peso equivalente ao da noiva diante de toda a comunidade.

O peso representa a força, compromisso para saber se o índio é forte, pois caso ocorresse uma guerra e a índia tiver impossibilidade de correr, ela a colocaria nas costas e sairia correndo por dentro da mata. Já a parte do arco e flecha seria para saber se o pretendente teria condições de sustentar a família na caçada e na defesa. Passando por essas provas, o índio está preparado para casar.

A cerimônia é realizada na língua Pataxó, Patxohã, onde o cacique ou outras lideranças da aldeia são escolhidos para, junto com o pajé, pedir aos deuses e aos nossos antepassados por felicidade, harmonia, paz e amor. O casal então faz a troca de cocar, compartilha a bebida tradicional do Kawi, e também é feita uma pintura no pulso simbolizando a união. O Pajé dá a benção fazendo o ritual sagrado, convocando os espíritos para abençoar o jovem casal. Depois da cerimônia é festa em toda a aldeia.

Atualmente é possível presenciar o casamento tradicional durante o evento Aragwaksã, festa onde é celebrado o aniversário da Aldeia Pataxó da Jaqueira, localizada em Porto Seguro, dentre outras muitas atividades culturais Pataxó.

O casamento também é oficializado dias depois num cartório ou no livro de registro de casamento feito pela FUNAI (Fundação Nacional do Povos Indígenas).