Língua Pataxó

O processo de reestruturação linguística do Povo Pataxó segue de forma continua e desafiando as adversidades encontradas pela falta de material especifico para os professores indígenas, mesmo assim é possível notar os avanços conquistados ao longo dos anos. Um dos principais desafios foi construir uma estrutura linguística tendo um número pequeno de palavras coletadas. Todo o esforço foi concentrado em atividades de campo indo de aldeia a aldeia para entrevistar pessoas que ainda guardavam palavras da língua Pataxó, o Patxôhã que ficou definida como linguagem de guerreiro. O nome PATXÔHÃ é a junção de três palavras PAT: são as iniciais da palavra Pataxó; ATXOHÃ: que é língua; XÔHÃ: que é guerreiro.

Contudo não ficou só na coleta de palavras nas aldeias, em 1999 um pequeno grupo se formou na aldeia Pataxó de Coroa Vermelha e começou a discutir os rumos do uso da língua Pataxó, dando continuidade ao que já vinha sendo feito em outras aldeias e por alguns mantenedores da cultura, a exemplo, de Arawê Pataxó, da Aldeia Barra Velha, que junto com outros índios Pataxó já vinham realizando a manutenção do idioma e da cultura. Em Coroa Vermelha foi se desenhando o que temos hoje que foi a criação de coordenações de áreas, onde em cada aldeia foi escolhido uma pessoa para ser o coordenador.

O papel do coordenador de área é o de coletar e registrar informações e dados sobre a cultura, história e língua Pataxó para que pudesse ser socializado nos encontros de Professores e Pesquisadores Pataxó. Esse material coletado era examinado e debatido nos encontro onde várias pessoas são convidadas para ajudar nos debates sobre os dados coletados. Após esse processo os dados são incorporados aos que já existe e assim a manutenção da cultura, História e língua Pataxó continue superando os desafios de se manter uma cultura viva.

Contudo na medida em que as pesquisas nas aldeias avancem referente à língua os resultados desta pesquisa aparecem em vários aspectos do dia a dia das comunidades Pataxó e este resultado aparece nos cantos e danças, nas conversações entre os membros das aldeias e com os nomes em Patxôhã.

O povo Pataxó segue sendo exemplo para as etnias que lutam para manter o uso e manutenção da língua. Vários aspectos podem ser usados como exemplos nesta manutenção linguística, como por exemplo, o crescente número de músicas na língua, é muito comum que nas aldeias crie seu repertório músicas Pataxó, como também o diálogo entre os Pataxó fazendo uso do Patxôhã. Essas alternativas de manutenção de seus usos, costumes e tradições possibilita afirmar a riqueza cultura e o interesse dos indígenas em manter seus costumes e em sua essência traz a vontade de um Povo em seguir firme em suas tradições. Mesmo morando em aldeias, muito diferentes de antes é claro, até porque era um povo nômade, mas que ainda preservar essa forma de vida com uma pratica muito comum de migração entre as diversas aldeias.

Alguém pode até ficar pensando: por que um povo considerando agressivo foi convencido em deixar pra lá sua cultura, sua língua e suas tradições? Será que foi vencido pelas perseguições diversas, calou, cansou da luta e abandonou valores e ideais? E mesmo poderão afirmar: a língua Pataxó está morta. Pataxó deixou sua língua para lá aprendeu a língua do colonizador, por ai vai.

Não é verdade. Para entendermos o porquê que a língua Pataxó ficou adormecida é importante lembrar e considerar várias coisas. Porque a nossa língua não foi perdida, como dizem. A língua Pataxó estar no nosso dia a dia. Fomos aldeados à força, mas nem tudo foi perdido de nossa língua antiga! Pois com a ajuda resistente dos mais velhos, foi possível preservar nas memórias musicais e no uso diário, uma quantidade de palavras de grande valor para nós.

A língua que falávamos é da família de línguas Maxakali, pertencente ao tronco Macro-jê. Pois ainda hoje é possível fazermos comparação de sons e significados iguais entre as duas línguas. Podemos afirmar então que havia semelhanças não só nas linguagens, mas também nos costumes desses povos. (Acervo da Coordenação Atxôhã, 2002).

A comunidade, professores e lideranças preocupados em manter o jeito de ser Pataxó e afirmar os costumes e tradições, ciente do papel que a todos têm em manter este importante mecanismo de manutenção cultural, tem se empenhado em motivar as aldeias através de seus mobilizadores culturais de que todos os espaço da aldeia e a escola são de suma importância para a manifestação viva da cultura. Isso nos leva a pensarmos novas formas diferentes, de fazer estudos e praticas da língua Pataxó.

Neste sentido a Coordenação de pesquisa da língua Pataxó, o Atxôhã torna-se primordial para o desenvolvimento dessa iniciativa, pois não haveria sentido realizar as pesquisas sem pensar na sua junção com todas as aldeias Pataxó. A coordenação atxôhã é responsável pelo desenvolvimento e manutenção do Patxôhã. Este trabalho ajuda na criação de novas performance cultural através das músicas, pinturas, cantos e danças, cada integrante da aldeia e parte desse processo e buscam com os coordenadores de área do atxôhã desenvolver novas performances e com isso fazem do espaço seja cada vez mais integrador e compartilhado nas aldeias Pataxó.

A preservação e o uso contínuo do Patxôhã desempenham um papel crucial na manutenção da identidade cultural, na transmissão de conhecimento ancestral e na preservação da história desse grupo étnico.

  1. Preservação da Identidade Cultural: A língua Patxôhã é um componente fundamental da identidade cultural do povo Pataxó. Ela carrega consigo a história, os mitos, as crenças e os valores que têm sido transmitidos de geração em geração. Através da língua, os Pataxó mantêm uma ligação profunda com suas raízes culturais e a herança de seus antepassados.
  2. Transmissão de Conhecimento Ancestral: Muitos aspectos do conhecimento tradicional Pataxó estão codificados na língua Patxôhã. Isso inclui práticas de agricultura, técnicas de pesca, medicina tradicional, rituais religiosos e histórias orais que explicam a relação do povo Pataxó com a natureza e o mundo que os cerca. A língua é o veículo que permite a transmissão desses conhecimentos valiosos para as gerações futuras.
  3. Resistência Cultural e Luta pela Terra: A manutenção da língua Patxôhã também está ligada à luta pela terra e à resistência cultural do povo Pataxó. Ao preservar sua língua e cultura, eles fortalecem sua identidade e capacidade de reivindicar seus direitos territoriais e culturais. A língua se torna uma ferramenta poderosa na busca pela preservação de suas terras ancestrais e pela garantia de sua sobrevivência como povo.
  4. Conexão com a Natureza: A língua Patxôhã muitas vezes inclui palavras e conceitos que refletem a relação profunda e espiritual dos Pataxó com a natureza. Isso é fundamental em um momento em que a preservação ambiental e o respeito pela Terra estão se tornando cada vez mais importantes em todo o mundo. A língua Patxôhã pode contribuir para a promoção de valores e práticas sustentáveis.
  5. Patrimônio Cultural Brasileiro: Além de sua importância para o povo Pataxó, o Patxôhã é um patrimônio cultural do Brasil. O reconhecimento e a preservação das línguas indígenas são essenciais para a diversidade cultural do país e para a compreensão de sua história e identidade como nação.

Em resumo, o Patxôhã é uma parte vital da herança cultural e identidade do povo Pataxó. Sua preservação não apenas fortalece a comunidade Pataxó, mas também enriquece a diversidade cultural do Brasil e contribui para a compreensão e valorização das culturas indígenas em todo o mundo.