História Pataxó

Há milhares de anos os Povos Indígenas habitam a América do Sul, onde praticam a caça, a coleta de frutas e mexilhões, agricultura e produção de peças de cerâmica.

A origem da etnia Pataxó e sua cultura encontra-se no interior do Estado de Minas Gerais, Espírito Santo e Bahia. Há registros de que os indígenas Macro-Jê (tronco linguístico dos Pataxó), já habitavam a região Sul da Bahia.

Após o ano 420 os Macro-Jê acabaram migrando para o interior, por conflitos com os índios Tupi. No entanto migravam em pequenos grupos da Mata Atlântica para o litoral a procura de alimentos, onde ficavam expostos aos confrontos como os Tupi.

Os indígenas Tupi haviam se estabelecido à beira mar e suas aldeias chegavam a possuir cerca de 3.000 habitantes. Mas com a chegada dos portugueses em 1.500 o reinado dos Tupi no litoral brasileiro sofreu fortíssimas baixas.

A medida em que os portugueses foram se estabelecendo neste continente, os Tupiniquins, indígenas Tupi que habitavam o litoral brasileiro, foram sendo escravizados e catequizados. Ficaram expostos às doenças trazidas pelos estrangeiros as quais não possuíam imunidade e eram mortos por armas em combates desiguais. No final do Século XVI já restavam poucos indígenas e alguns fugiam buscando a liberdade no interior. As aldeias foram substituídas por pequenas vilas e missões jesuíticas, vulneráveis a ataques de contrarias a convivência entre os indígenas e ou estrangeiros.

Os Pataxó, juntamente com os Amixocori, Kumanaxó, Kataxó, Maxacali, Macani, Botocudos Tupiniquins e outras etnias do Sul da Bahia, resistiram por mais de trezentos anos contra a investida colonial graças às estratégias de guerra e ao conhecimento das matas organizados em pequenos grupos nômades. Na época do “descobrimento” os indígenas dessas etnias eram conhecidos como os temíveis Aimorés. Só a partir do século XIX, foram encontrados os primeiros relatos descritos por viajantes em relação ao Povo Pataxó. O viajante austríaco Príncipe Wied Neuwied junto com o desembargador Luiz Thomas de Navarro, encontram e descreveram os Pataxó em 1850, perto do Monte Arará, atual Monte Pascoal.

Como os colonizadores começavam a investir na pecuária, e precisavam das terras para a implantação deste novo modelo econômico implantado em meados do século XVIII, foram expulsando à força os indígenas com incentivo da Coroa Portuguesa. Devido aos ataques, fome e doenças, muitos indígenas procuravam refúgio nas matas ou optavam por entregar-se às missões jesuíticas para sobreviver.

No início do século XIX o combate e perseguição aos indígenas continua. Colonos e fazendeiros, além das armas usam roupas de pessoas mortas por varíola e disseminam a doença entre os indígenas matando inúmeros deles.

Mas não era somente o domínio pelas terras e os recursos naturais que estava em disputa, mas também era intenção do governo estabelecido no Rio de Janeiro o acesso às províncias produtoras de ouro. Almejavam rotas terrestres para o funcionamento do correio, livre de ataques indígenas. D. João VI montou fortes militares em posições estratégicas. Desta maneira, assinou declaração de guerra contra os Botocudos, que segundo o governo atrapalharia o trabalho dos primeiros carteiros do Brasil.

Preocupado com esta situação, o governo da província da Bahia, concentrou os indígenas em local distante dos estrangeiros.

Em 1805, os Pataxó, marcam presença na região próxima ao Monte Pascoal, citado na carta de Pero Vaz de Caminha.

Em 1861, por decisão do governo, foram deportados e aldeados, junto com todos os remanescentes indígenas em Bom Jardim, atual Barra Velha, perto do Monte Pascoal. Assim, ficaram longe de colonizadores, madeireiros, criadores de gado, fazendeiros de cacau e latifundiários, permanecendo esquecidos por quase 100 anos.

Os Pataxó sofreram muito, mas sobreviveram em Barra Velha que se estabeleceu como Aldeia Mãe. Em 1939, Gago Coutinho, aviador português relatou ao ver a situação dos Pataxó: “É desolador o aspecto de miséria do povoado onde passamos a primeira noite”… “Todo mundo é doente. Uns atacados pelo impaludismo, outros pela verminose…”.

No século XX novas doenças foram espalhadas por plantadores de cacau do sul da Bahia entre os povos indígenas que viviam isoladamente pelas matas. Vestes contaminadas de hanseníase e varíola foram espalhadas pelas matas, matando os últimos bandos indígenas que viviam isolados.

Em 1940 o governo federal determinou que o Monte Pascoal seria o ponto exato do “Descobrimento do Brasil”, visto pela esquadra de Cabral em 22 de abril de 1.500. O Monte Pascoal se tornou importante Marco Histórico. Por decreto, foi criado o Parque Nacional do Monte Pascoal em 1943, onde atualmente ocorrem conflitos principalmente pela questão do estudo de ampliação do território Pataxó.

Em 1951, sabendo que haveria um parque dentro de suas terras, os Pataxó procuram o Serviço de Proteção ao índio/SPI no Rio de Janeiro, para garantir o direito das suas terras. Não tiveram êxito. Pouco tempo depois surgem na aldeia de Barra Velha dois homens que disseram ser engenheiros que demarcariam as terras indígenas. Esses dois homens foram à vila de Corumbau e saquearam um comerciante local e levaram a mercadoria furtada para a aldeia.

Os moradores da vila de Corumbau interpretaram que o roubo teria sido cometido pelos Pataxó e se revoltaram. Três dias após, a polícia de Prado e Porto Seguro invadem a aldeia de Barra Velha pela madrugada ferindo e matando vários indígenas, incendiando os Kijemes, abusando sexualmente das mulheres e cometendo outras barbáries.

Muitos foram levados e obrigados a trabalhar como escravos em fazendas da região ou migraram para as cidades vizinhas onde passaram a viver marginalizados. Os dois homens, responsáveis pelo episódio da vila de Corumbau também morreram no tiroteio. A verdade sobre os dois homens veio à tona alguns anos mais tarde. Este episódio é relembrado pelos Pataxó como “O fogo de 51”.

Os Pataxó que sobreviveram, formaram pequenos grupos estabelecendo-se em vários locais da região, constituindo pequenas aldeias como as de Coroa Vermelha, Boca da Mata, Mata Medonha, Águas Belas, Corumbauzinho entre outras. No início de 1960 os Pataxó retornam para Barra Velha. Em 1961 é implantado efetivamente o Parque Nacional do monte Pascoal proibindo os Pataxó ao plantio de subsistência. Novamente, os Pataxó se dispersaram. Alguns permanecem e plantam em pequenas roças existentes no meio da mata.

A partir da década de 70, com o surgimento de novas estradas e consequentemente do turismo, os Pataxó começaram a fabricar artesanato como forma de subsistência. Confeccionam produtos em madeira (gamelas e utensílios domésticos). Produzem ainda, arcos, flechas, lanças, cocares, pulseiras, colares e outros adornos apreciados pelos turistas. Os pescadores constroem canoas escavadas no próprio tronco da árvore. Atualmente a população Pataxó está distribuída mais de quarenta aldeias dentro de sete Terras Indígenas com aproximadamente 20.000 habitantes.