A culinária do Povo Pataxó é um reflexo profundo de sua conexão com a natureza e de suas tradições ancestrais, priorizando ingredientes naturais, frescos e sem agrotóxicos, cultivados em suas próprias aldeias ou obtidos através da pesca e coleta. A base de sua alimentação é a mandioca, conhecida por eles como aipim, e o peixe, um alimento essencial que substituiu a caça em muitos de seus pratos devido às proibições atuais.
Ingredientes e Pratos Principais
A mandioca é um verdadeiro carro-chefe, presente de diversas formas na dieta Pataxó. Dela são produzidos o bolo de puba, o beiju (ou tapioca) e a farinha de puba, que acompanha a maioria das refeições. Além da mandioca, cultivam também a batata doce, feijão, cacau, mangaba, inhame, abacaxi, melancia e dentre outras culturas.
Entre os pratos mais emblemáticos, destaca-se o peixe na folha de patioba. A patioba é a folha de uma palmeira nativa da Mata Atlântica. O peixe, geralmente temperado apenas com sal, é embrulhado nessas folhas (que são previamente murchas no fogo) e amarrado com cipó verde. Em seguida, é assado diretamente na brasa ou em rescaldos, resultando em um alimento nutritivo e saboroso, que os Pataxó acreditam rejuvenescer o corpo e purificar o espírito.
Outros pratos e alimentos importantes incluem:
- Paçoca de banana: uma receita tradicional que utiliza banana amassada e coco ralado.
- Ouriço-do-mar: um fruto do mar consumido por viverem próximo ao mar.
- Bebidas: o Cauim é uma bebida típica feita da mandioca fermentada, e o Aluá, uma bebida fermentada de grãos de milho moídos ou cascas de frutas como o abacaxi.
Rituais e Hábitos Alimentares
A culinária Pataxó vai além da simples nutrição, estando intrinsecamente ligada a seus rituais e celebrações. Pratos típicos são preparados em ocasiões especiais como casamentos, batizados e, principalmente, na Festa das Águas. Este ritual, que simboliza a fartura, a saúde e a alegria, acontece anualmente em outubro e é um momento de grande confraternização, onde a comunidade compartilha as comidas típicas e agradece a Niamissun, uma divindade protetora.
Antigamente, as comidas à base de mandioca eram consumidas diariamente, do café da manhã ao jantar. A alimentação é predominantemente natural e orgânica, sem o uso de agrotóxicos, o que contribui para a saúde e longevidade dos Pataxó. A lavoura é um trabalho coletivo, envolvendo jovens, mulheres e homens, enquanto as mulheres geralmente são responsáveis pela colheita e preparo dos alimentos.
A culinária Pataxó é, portanto, um patrimônio cultural vivo, transmitido de geração em geração, que reflete a sabedoria e a harmonia desse povo com o ambiente em que vive.
