A História da Amesca

Os mais velhos contam que há muito tempo atrás, quando os txihí viviam em harmonia com a natureza, tudo era bem diferente dos dias de hoje, tudo que precisassem encontravam nas florestas e não havia essas doenças dos dias de hoje.

Depois que passaram a ter contato com outros povos, tudo mudou. Foi assim que surgiu a história Amesca, contatada de geração em geração. Diz assim que tudo começou há muito tempo muito tempo distante de hoje, nasceu uma criança que logo foi batizada de Amesca, nome escolhido pelo pajé.

Depois de muito tempo, a criança se tornou uma jovem linda e todos os guerreiros da aldeia se encantavam pela sua beleza. E como na tradição Pataxó os jovens se casam muito cedo, mas para casar os jovens têm que mostrar que é um bom caçador e depois têm que carregar uma tora na costa para mostrar que já estava preparado para assumir uma mulher. Então começou a disputa na aldeia para ver quem iria se casar com a linda jovem.

Depois de muitos meses de disputa, o grande guerreiro filho do pajé, chamado de Uratã conseguiu mostrar para os outros que estava preparado para assumir a linda jovem. Então se casaram e passaram a viver juntos.

Com o tempo, a Amesca descobriu que não poderia engravidar, o que para ela era um grande sonho, mas nunca deixou de sonhar e sabia que um dia poderia engravidar.

Depois de muito tempo, ela descobriu que estava grávida e, ao mesmo tempo, descobriu que o seu parto era de risco além de tudo era de gêmeos. Todos ficaram preocupados com Amesca, pois sabia que algo poderia acontecer.

Foi em um belo final de tarde quando o Uratã veio da caçada, sua esposa estava já na hora de ganhar as crianças, ele de repente chamou a parteira e todos vieram correndo para poder acompanhá-la. Uratã estava muito preocupado com o que poderia vir a acontecer, foi quando ele ouviu os gritos das crianças e a parteira veio em sua direção e falou: “meu filho, prepara sua rede para enterrar Amesca, ela não resistiu”.

Ele correu em direção ao corpo dela e abraçou em choros e disse: “vou cuidar bem dos nossos filhos como você sempre sonhou”. Então foi escolhido um local para enterrar Amesca. Mas a vida da aldeia teve que continuar e as crianças cresceram e já estavam com sete anos de idade.

Foi nesse meio tempo que doenças desconhecidas começaram a aparecer na aldeia e uma das crianças também foi contaminada e passou vários dias, mas a criança não melhorava, então o pajé não sabia mais o que fazer, o seu pai já tinha perdido as esperanças e só estava esperando o momento de ver sua filha morrer. O pajé pediu força espiritual para curar a criança.

Foi quando o Pajé, em noite de sono, Amesca veio para ele em sonho e disse: “Antes do sol nascer, vai até onde eu fui enterrada, lá cresceu uma árvore não olha para cima e no tronco sairá uma resina que são minhas lágrimas, retire-a um pouco e coloque no braseiro para incensar a criança, depois coloque outro pouco em uma cuia d’água e dar para minha filha, que ela será curada”.

De repente, ele se assusta, pois já estava amanhecendo e foi correndo fazer o que ela tinha pedido e trouxe a resina e fez o que ela tinha pedido em sonho. Quando ele estava incensando a criança ela perguntou: “por que, vô, de meus olhos não estão saindo lágrimas?” Ele respondeu: “porque esta resina que estou queimando é a lágrima de sua mãe que levou todo choro para quando estiverem queimando a resina, lembra-se de que deu a sua vida para curar seu povo e que não ficassem triste, pois ela já tinha levado todo o choro. Depois de alguns dias, a criança já estava correndo pela aldeia.

E a notícia se espalhou por todas as outras aldeias, e todos os pajés ficaram sabendo e vieram conhecer a tal árvore e levar semente para plantar nas suas comunidades e também levaram a  resina para curar as crianças que estavam doente.

Até hoje Amesca e uma árvore sagrada para os Pataxó, além de ter frutos comestíveis além de tudo, ela está presente em todo cotidiano. Serve para acender fogo, os mais velhos colocam a resina seca no seu cachimbo para fumar com outras ervas.

Além de ter um grande valor medicinal que serve para várias doenças e o pajé usa no incenso para espantar todo mal. Não são todos que podem tirar a resina tem que saber; senão pode matar a planta. Geralmente, existem três espécies de Amescas e algumas botam frutos gêmeos que simbolizam as crianças.

(Juari Braz Pataxó e Awoy Pataxó)