Tradição e Competição Pataxó
O arco e flecha é mais do que um esporte para o povo Pataxó; é uma demonstração de habilidade, tradição e capacidade de sustentar e proteger a família e a comunidade. Historicamente, essa arma de longo alcance, que pode atingir alvos a mais de 50 metros, foi crucial na caça e na guerra.
O Artefato e Seu Significado
O arco, tradicionalmente feito de madeiras resistentes como Ipê, Pati e Pau-d’arco, e as flechas, com pontas de osso, esporão de raia ou madeira, são artefatos pessoais. Cada guerreiro possui o seu, variando em tamanho e matéria-prima conforme a etnia. Para aumentar sua eficácia na caça ou guerra, podia-se aplicar venenos naturais, como o sumo da bananeira ou o limo de certas espécies de sapo.
A perícia no arco e flecha é um sinal de prestígio e maturidade, indicando que o arqueiro possui as habilidades necessárias para prover e defender. O povo Pataxó é renomado por seu aperfeiçoamento na técnica, com histórias de antigos que podiam arremessar uma flecha ao alto e apará-la entre os dedos dos pés.

O Arco e Flecha nos Jogos Indígenas
Embora o uso para caça e guerra já não seja uma necessidade diária, a tradição do arco e flecha é mantida viva nos Jogos Indígenas Pataxó como forma de preservar a cultura e a memória dos ancestrais.
Regras Básicas da Competição:
Os acertos são somados e definem a classificação para as etapas seguintes.
Cada competidor tem direito a três tiros (flechas).
O alvo é geralmente um desenho de animal (peixe, onça, capivara, etc.) ou um alvo circular com pontuações destacadas.
As distâncias são diferenciadas:
Homens: aproximadamente 50 metros.
Mulheres: aproximadamente 25 metros.
A pontuação é determinada pelo local de acerto da flecha no desenho ou alvo (geralmente com a maior pontuação no centro).
As regras também incluem a proibição de arcos ou flechas de outras etnias e a obrigação de respeitar a distância e o número de disparos.

Campeão Pataxó
O povo Pataxó tem um destaque nacional na modalidade: Tohõ Pataxó, da Aldeia Pé do Monte. Tohõ conquistou o título de Campeão nacional de arco e flecha durante os Jogos dos Povos Indígenas em Porto Nacional/TO. Atualmente, ele se dedica a organizar campeonatos na sua própria aldeia, incentivando a prática e a cultura do arco e flecha entre os jovens
